Rio Refugia atrai público de 2600 pessoas para celebrar a potência de pessoas em situação de refúgio no Rio
No marco do Dia Mundial do Refugiado, 7ª edição do festival levou mais vez para o Sesc-Tijuca
a expressão cultural de diversos países
a expressão cultural de diversos países
Rio de Janeiro – Dia de casa cheia no Sesc-Tijuca, Zona Norte do Rio. No último sábado (17), 2600 pessoas participaram do Rio Refugia, evento realizado no marco do Dia Mundial do Refugiado (20) para celebrar a vida e a luta de pessoas que, perseguidas por questões de raça ou etnia, religião, nacionalidade, opinião política, grupo social ou por viverem em países onde há graves violações de direitos humanos são forçadas a deixar seus lares para recomeçar suas vidas.
Organizado anualmente pelo Abraço Cultural, PARES Cáritas RJ, Sesc RJ e apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Rio Refugia foi idealizado para promover um encontro de culturas, mas também para estimular a reflexão sobre o tema do refúgio e dos deslocamentos forçados, além de valorizar a importância da contribuição de pessoas vindas de diversos países para nossa economia, desenvolvimento social e nossa riqueza cultural.
De acordo com o último relatório Tendências Globais da ONU, que apresenta números do refúgio no mundo, até o final do ano passado existiam 108,4 milhões de pessoas deslocadas no planeta, incluindo 27,1 milhões de refugiados, 5,4 milhões de solicitantes de refúgio e 62,5 milhões de pessoas deslocadas dentro de seus próprios países. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estima que, até maio deste ano, o número de pessoas obrigadas a se deslocar já tenha passado de 110 milhões.
Organizado anualmente pelo Abraço Cultural, PARES Cáritas RJ, Sesc RJ e apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Rio Refugia foi idealizado para promover um encontro de culturas, mas também para estimular a reflexão sobre o tema do refúgio e dos deslocamentos forçados, além de valorizar a importância da contribuição de pessoas vindas de diversos países para nossa economia, desenvolvimento social e nossa riqueza cultural.
De acordo com o último relatório Tendências Globais da ONU, que apresenta números do refúgio no mundo, até o final do ano passado existiam 108,4 milhões de pessoas deslocadas no planeta, incluindo 27,1 milhões de refugiados, 5,4 milhões de solicitantes de refúgio e 62,5 milhões de pessoas deslocadas dentro de seus próprios países. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estima que, até maio deste ano, o número de pessoas obrigadas a se deslocar já tenha passado de 110 milhões.
Peito aberto no reencontro com a diversidade - Aline Thuller, Coordenadora-Geral do PARES Cáritas RJ destacou a diferença entre a edição do Rio Refugia deste ano com o evento realizado em 2022, ainda marcado pelo abrandamento da pandemia e certa hesitação ao contato físico: “Notei que pessoas estão reagindo de forma diferente, sem medo de se tocarem, de se abraçarem, de mostrarem seu sorriso largo e aberto. Esta edição do Rio Refugia tem sido um retorno de peito aberto”, reflete. Com a vacinação em massa e a declaração em maio deste ano do fim da Emergência de Saúde Pública da pandemia da Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi possível retomar as atividades coletivas com mais tranquilidade.
“O Rio Refugia é um momento de muita alegria, quando podemos ver os empreendedores brilhando com toda a potência de seus trabalhos”
disse Aline, orgulhosa.
“O Rio Refugia é um momento de muita alegria, quando podemos ver os empreendedores brilhando com toda a potência de seus trabalhos”
disse Aline, orgulhosa.
Este ano, o público presente teve a oportunidade de conhecer e adquirir as criações de artesãos de diversos países, além de experimentar uma grande variedade de sabores, podendo provar comidas típicas de países como a Síria, Venezuela, Colômbia, República Democrática do Congo, Nigéria e Haiti.
Oficinas de salsa, caligrafia árabe, tranças e pintura divertiram adultos, jovens e crianças. A oficina de turbantes foi reformulada nesta edição, tornando-se uma experiência ainda mais enriquecedora: os participantes inscritos puderam, este ano, aprender com Sylivia, de Uganda e Anitha, do Benin, sobre os significados do uso do turbante nos países do continente africano, incluindo sua relação com o períodos históricos marcados pela escravização de pessoas e pelo colonialismo.
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Reinvenção e autonomia - Conseguir escapar de situações de violência e perseguição, superar as dificuldades para chegar em outro país, enfrentar a barreira da língua e aprender um novo idioma, são inúmeros os desafios enfrentados por pessoas em situação de refúgio. A venezuelana Josmirt e o cubano Armando chegaram ao Brasil há seis anos e se reinventaram criando o Dulcipan, empreendimento especializado em pães e doces. “Apesar das dificuldades, estamos muito felizes com a resposta positiva das pessoas aos nossos produtos. Foi muito importante termos o suporte da Cáritas quando chegamos, recebemos orientações sobre documentação, fizemos o curso gratuito de português… Nunca nos esqueceremos da visita que fizemos ao Cristo Redentor com a turma”, recorda Jormirt. O casal veio com a filha Natasha e hoje têm uma filha nascida no Brasil, Kátia, de três anos.
A congolesa Rama esteve no evento vendendo suas criações de moda. “Eu trabalho pra mim!”, comentou, animada. Dona da Rama Collection, ela vive no Brasil há nove anos e imprime em roupas e acessórios elementos da cultura da República Democrática do Congo, onde nasceu. A conquista da autonomia é essencial para uma integração bem-sucedida de pessoas em situação de refúgio nos países de acolhida e foi um fator constante nos relatos dos empreendedores presentes no Rio Refugia. O sírio Somar, criador da Safita Doces, contou que contou que trabalhava em seu país em uma doceria e que usou toda a sua experiência na fabricação de doces folheados para criar sua própria pequena empresa.
“São muitas dificuldades nesses 13 anos de Brasil, mas não há nada melhor do que ser dono do seu próprio negócio”, avalia Somar.
A congolesa Rama esteve no evento vendendo suas criações de moda. “Eu trabalho pra mim!”, comentou, animada. Dona da Rama Collection, ela vive no Brasil há nove anos e imprime em roupas e acessórios elementos da cultura da República Democrática do Congo, onde nasceu. A conquista da autonomia é essencial para uma integração bem-sucedida de pessoas em situação de refúgio nos países de acolhida e foi um fator constante nos relatos dos empreendedores presentes no Rio Refugia. O sírio Somar, criador da Safita Doces, contou que contou que trabalhava em seu país em uma doceria e que usou toda a sua experiência na fabricação de doces folheados para criar sua própria pequena empresa.
“São muitas dificuldades nesses 13 anos de Brasil, mas não há nada melhor do que ser dono do seu próprio negócio”, avalia Somar.
À esq.: Somar oferece ao público os doces folheados tipicamente sírios do Safita Doces - Foto: © PARES Cáritas RJ/Luciana Queiroz. À dir.: O casal Josmirt e Armando à frente da barraca que trazia pães e doces do empreendimento Dulcipan - Foto: © PARES Cáritas RJ/Heloísa Helena.
Homenagem - Em maio deste ano, amigos e toda a equipe da Cáritas RJ foram surpreendidos com a notícia do falecimento de Mireille Muluila e de seu esposo Jean, vítimas de um acidente de carro nos Estados Unidos, quando retornavam de uma visita a familiares.
Nascida na República Democrática do Congo, Mireille viveu no Brasil por quase oito anos e logo após a chegada no Brasil passou a integrar a equipe do Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) da Cáritas RJ como Agente de Integração. Em pouco tempo, ela tornou-se uma liderança e referência na comunidade congolesa e de outros países do continente africano, orientando muitas pessoas a recomeçarem no Rio de Janeiro.
Nascida na República Democrática do Congo, Mireille viveu no Brasil por quase oito anos e logo após a chegada no Brasil passou a integrar a equipe do Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) da Cáritas RJ como Agente de Integração. Em pouco tempo, ela tornou-se uma liderança e referência na comunidade congolesa e de outros países do continente africano, orientando muitas pessoas a recomeçarem no Rio de Janeiro.
A artista plástica colombiana Ninibe foi uma das pessoas que conviveram com Mireille. No Brasil há 15 anos, ela idealizou um projeto para o Rio Refugia em homenagem à amiga: uma tela de 2m x 1,5m com um retrato de Mireille pintado, onde os visitantes e amigos poderiam deixar mensagens de amor e lembranças com tintas e canetas coloridas. O mural ficou exposto ao longo de todo o evento. Mireille esteve presente em todas as edições do Rio Refugia, atuando na oficina de turbantes.
“Tenho um carinho todo especial pela Mireille. Chegamos na mesma época, somos da mesma turma, compartilhei muitos momentos com ela, estivemos juntas em vários eventos", contou a artista colombiana.
“Tenho um carinho todo especial pela Mireille. Chegamos na mesma época, somos da mesma turma, compartilhei muitos momentos com ela, estivemos juntas em vários eventos", contou a artista colombiana.
"Para mim, ainda é inacreditável que ela se foi, mas achei que seria especial para ela e para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la, podermos prestar essa homenagem, especialmente em um evento que celebra o Dia Mundial do Refugiado. Ela foi vital, foi parte importante do nosso processo, abraçava a todas as pessoas que estiveram em Cáritas RJ. Recebíamos de suas mãos o carinho e apoio que chegava com as doações. Dedico esse dia a ela”, disse Ninibe, com um sorriso carinhoso ao olhar a imagem da amiga no mural, enquanto convidava o público para prestarem sua homenagem, pintando com um desenho ou palavras no mural, que ia ganhando cores em torno de seu retrato. |
Os grupos musicais Saoko, de ritmos latinos, e Coral do Rei, de ritmos do continente africano encerraram o evento, animando o público até depois das 18h. O Rio Refugia acontece anualmente no Sesc-Tijuca, no sábado próximo ao Dia Mundial do Refugiado, celebrado no dia 20 de junho.
O público participa da homenagem à Mireille Muluila. À direita, o mural multicolorido em tributo à congolesa que tanto fez pela integração de pessoas em situação de refúgio no Rio. Foto: © PARES Cáritas RJ/Luciana Queiroz
Texto e Fotos: Heloísa Helena e Luciana Queiroz