Refugiadas cabeleireiras concluem formação em empreendedorismo
Segundo ciclo do projeto CORES (Coletivo de Refugiados Empreendedores), do PARES Cáritas RJ, foca em profissionais do cabelo e amplia rede de parcerias.
A angolana Natália Luemba observa companheira de formação trançando os cabelos de uma brasileira no evento de encerramento do CORES 2018.
Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2018 – Após seis meses de dedicação e aprendizado, sete refugiadas concluíram a formação em empreendedorismo do CORES (Coletivo de Refugiados Empreendedores), projeto desenvolvido desde 2017 pelo Programa de Atendimento a Refugiados (PARES) da Cáritas RJ, em parceria com o Sebrae-RJ. Neste segundo ciclo, a iniciativa focou em profissionais do cabelo, beneficiando mulheres de diferentes países, como Angola, República Democrática do Congo e Venezuela.
A entrega dos diplomas foi realizada durante um Happy Hour no Nex Coworking, com direito a show do congolês Zola Star, gastronomia internacional produzida por pessoas em situação de refúgio que participaram do CORES 2017 e, principalmente, performance das formandas, que fizeram tranças e penteados étnicos nos convidados, mostrando um pouco do que aprenderam durante o CORES.
Todas as refugiadas que participaram do projeto já tinham algum conhecimento prévio em estética capilar. Uma delas era a angolana Nkembi Debora, que aprendeu a trançar cabelos com uma vizinha de Luanda quando tinha sete anos de idade.
Estudante de Direito no seu país de origem, ela diz que ainda sonha com um retorno à universidade para completar a formação que foi obrigada a abandonar, mas viu no CORES a oportunidade de crescer em uma segunda carreira. E a seriedade com que a angolana encarou o desafio mostrou que ela não vê o ofício de cabeleireira como um "bico". Agora, Debora pode aliar seus conhecimentos a novas técnicas, aprendidas em aulas de saúde capilar e biossegurança do cabelo, por exemplo.
"Demorou, mas consegui", diz ela, em referência à conclusão da formação em empreendedorismo, antes de acrescentar que a habilidade de trançar cabelos faz parte de uma tradição hereditária em Angola. "Do mesmo jeito que aprendi, vejo hoje minha filha fazendo igual."
Assim como Debora, a também angolana Natália Luemba tomou gosto pela arte de entrelaçar cabelos ainda pequena. O que ela aprendia com a mãe, reproduzia nas bonecas. Hoje, formada como empreendedora, ela sonha em ter um espaço próprio.
"Quero abrir um salão de beleza. Falta o dinheiro, mas um dia vou conseguir e vou fazer."
A entrega dos diplomas foi realizada durante um Happy Hour no Nex Coworking, com direito a show do congolês Zola Star, gastronomia internacional produzida por pessoas em situação de refúgio que participaram do CORES 2017 e, principalmente, performance das formandas, que fizeram tranças e penteados étnicos nos convidados, mostrando um pouco do que aprenderam durante o CORES.
Todas as refugiadas que participaram do projeto já tinham algum conhecimento prévio em estética capilar. Uma delas era a angolana Nkembi Debora, que aprendeu a trançar cabelos com uma vizinha de Luanda quando tinha sete anos de idade.
Estudante de Direito no seu país de origem, ela diz que ainda sonha com um retorno à universidade para completar a formação que foi obrigada a abandonar, mas viu no CORES a oportunidade de crescer em uma segunda carreira. E a seriedade com que a angolana encarou o desafio mostrou que ela não vê o ofício de cabeleireira como um "bico". Agora, Debora pode aliar seus conhecimentos a novas técnicas, aprendidas em aulas de saúde capilar e biossegurança do cabelo, por exemplo.
"Demorou, mas consegui", diz ela, em referência à conclusão da formação em empreendedorismo, antes de acrescentar que a habilidade de trançar cabelos faz parte de uma tradição hereditária em Angola. "Do mesmo jeito que aprendi, vejo hoje minha filha fazendo igual."
Assim como Debora, a também angolana Natália Luemba tomou gosto pela arte de entrelaçar cabelos ainda pequena. O que ela aprendia com a mãe, reproduzia nas bonecas. Hoje, formada como empreendedora, ela sonha em ter um espaço próprio.
"Quero abrir um salão de beleza. Falta o dinheiro, mas um dia vou conseguir e vou fazer."
Redes de parceira e de trabalho
De acordo com Nina Quiroga, coordenadora do CORES e Relações Institucionais do PARES Cáritas RJ, a formatura das refugiadas é um dos marcos no modelo de trabalho em rede no qual a Cáritas vem apostando. Para ela, o projeto tem sido uma expressão desse investimento nas relações de parceria, voluntariado e solidariedade.
"Para a Cáritas RJ é uma alegria fechar o segundo ciclo de formação do CORES, que não é um curso, mas um sistema que agrega tanto o conteúdo de gestão quanto a articulação de oportunidades e a constituição de redes de trabalho."
Essas redes desdobram-se a partir da rede inicial de parcerias, com setores econômicos e acadêmicos, que a organização formou para tornar o CORES 2018 possível. No campo teórico, além do apoio basilar do Sebrae com os módulos de conteúdos de gestão, presentes desde 2017, as refugiadas também tiveram aulas culturais, oferecidas pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ.
Assim, o projeto de extensão do PACC chamado Universidade das Quebradas ganhou uma nova roupagem e um novo nome para contemplar as refugiadas: Universidade das Chegadas. Lá elas tiveram aulas como "Corpo e beleza na cultura carioca" e "Identidade, cabelo e comportamento", adquirindo conhecimentos importantes para atuar no mercado do Rio de Janeiro.
"A aproximação com o tema do refúgio foi uma demanda dos alunos da Faculdade de Letras, que achavam um desperdício ter tantos estrangeiros chegando ao Brasil e eles não conhecerem suas culturas", explica Eduardo Coelho, um dos coordenadores do PACC. "O ponto alto dessa parceria foi justamente a interlocução entre alunos e alunas da UFRJ e do CORES."
Igualmente fundamental para o sucesso do projeto e a formação das novas empreendedoras foi a atuação voluntária de profissionais da beleza que ofereceram capacitação em questões técnicas e específicas do mercado local de cabelos, como Flávio Rodrigues, do Espaço Fênix, Marta Merenciana, da Associação Brasileira de Tricologia Multidisciplinar, e a dupla Marília Gabriela e Bruna Teodora, do Salão Affro Divas.
Com os novos diplomas em mãos, as refugiadas agora vão para o mercado mais preparadas para mudar não apenas o visual das clientes como também suas carreiras aqui no Brasil. Um fio de cada vez.
Texto: Ana Carolina Francisco e Diogo Felix
Fotos: Luciana Queiroz
De acordo com Nina Quiroga, coordenadora do CORES e Relações Institucionais do PARES Cáritas RJ, a formatura das refugiadas é um dos marcos no modelo de trabalho em rede no qual a Cáritas vem apostando. Para ela, o projeto tem sido uma expressão desse investimento nas relações de parceria, voluntariado e solidariedade.
"Para a Cáritas RJ é uma alegria fechar o segundo ciclo de formação do CORES, que não é um curso, mas um sistema que agrega tanto o conteúdo de gestão quanto a articulação de oportunidades e a constituição de redes de trabalho."
Essas redes desdobram-se a partir da rede inicial de parcerias, com setores econômicos e acadêmicos, que a organização formou para tornar o CORES 2018 possível. No campo teórico, além do apoio basilar do Sebrae com os módulos de conteúdos de gestão, presentes desde 2017, as refugiadas também tiveram aulas culturais, oferecidas pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ.
Assim, o projeto de extensão do PACC chamado Universidade das Quebradas ganhou uma nova roupagem e um novo nome para contemplar as refugiadas: Universidade das Chegadas. Lá elas tiveram aulas como "Corpo e beleza na cultura carioca" e "Identidade, cabelo e comportamento", adquirindo conhecimentos importantes para atuar no mercado do Rio de Janeiro.
"A aproximação com o tema do refúgio foi uma demanda dos alunos da Faculdade de Letras, que achavam um desperdício ter tantos estrangeiros chegando ao Brasil e eles não conhecerem suas culturas", explica Eduardo Coelho, um dos coordenadores do PACC. "O ponto alto dessa parceria foi justamente a interlocução entre alunos e alunas da UFRJ e do CORES."
Igualmente fundamental para o sucesso do projeto e a formação das novas empreendedoras foi a atuação voluntária de profissionais da beleza que ofereceram capacitação em questões técnicas e específicas do mercado local de cabelos, como Flávio Rodrigues, do Espaço Fênix, Marta Merenciana, da Associação Brasileira de Tricologia Multidisciplinar, e a dupla Marília Gabriela e Bruna Teodora, do Salão Affro Divas.
Com os novos diplomas em mãos, as refugiadas agora vão para o mercado mais preparadas para mudar não apenas o visual das clientes como também suas carreiras aqui no Brasil. Um fio de cada vez.
Texto: Ana Carolina Francisco e Diogo Felix
Fotos: Luciana Queiroz