Cursos de capacitação impulsionam a empregabilidade de refugiados no RJ
Formação oferecida pelo Projeto MARES, da Cáritas RJ, enriquece currículo e abre portas para pessoas que têm dificuldades de comprovar experiência trazida do país de origem.
Eric Ramos e a esposa no curso de tecnologia da informação, oferecido pelo projeto MARES.
Rio de Janeiro, 09 de julho de 2019 - A sigla do projeto MARES - Mediação para o Aprendizado de Refugiados e Solicitantes de Refúgio - evidencia o foco da iniciativa em capacitação e ensino. De fato, foi com o propósito de oferecer oportunidades de especialização técnica que a Cáritas do Rio de Janeiro uniu-se à Fundação Banco do Brasil e à Academia Cisco. Formaram-se turmas para aprender sobre tecnologia digital, segurança cibernética, empreendedorismo e outros assuntos. A verdadeira finalidade do projeto, no entanto, não é que as pessoas refugiadas tenham acesso a salas de aula, e sim ao mercado de trabalho.
Agora, com pouco mais de três meses de andamento e alguns cursos concluídos, o MARES começa a atingir seu objetivo. Já há refugiados contratados em funções diversas, sobretudo no setor de serviços. A venezuelana Rosa Dumont, que obteve os certificados dos cursos Conecte-se, Internet de Todas as Coisas e Segurança Cibernética, está sendo treinada por um restaurante para ser supervisora. O congolês Yves Selenge conseguiu um contrato temporário na Supervia, companhia operadora do transporte ferroviário no Rio de Janeiro.
Outras duas venezuelanas diplomadas também assinaram a carteira: Karen Velásquez está trabalhando como lojista em um grande shopping do Rio, enquanto Rinha Palma acaba de ser chamada para atuar na rede hoteleira. Fora as pessoas que fizeram o curso de empreendedorismo e aprimoraram seus pequenos negócios com o conhecimento adquirido.
"Para os refugiados, faz toda a diferença ter um diploma obtido no Brasil na hora de se candidatar para uma vaga de trabalho", explica a coordenadora de Integração da Cáritas RJ, Débora Alves.
"Alguns cursos do projeto MARES têm conteúdo bastante complexo, outros são mais introdutórios, mas mesmo os mais simples são importantes para o currículo de quem não tem como comprovar a experiência adquirida no país de origem. Além disso, os professores do projeto, que são indicados pela Cisco, detêm uma ampla rede de contatos no mercado de trabalho e ajudam a indicar os refugiados para empresas", explicou a assistente social.
Foi assim que o venezuelano Eric Ramos conseguiu a vaga de auxiliar técnico em uma empresa de instalação e manutenção de alarmes e câmeras de vigilância interna. Durante os cursos de Empreendedorismo e Internet de Todas as Coisas, o instrutor Austeclynio Pereira identificou três alunos com perfis e conhecimentos interessantes para recomendar a um amigo empresário que atua na área de monitoramento eletrônico.
"Quando falei sobre a vaga de emprego, o Eric foi o primeiro a se interessar", conta o professor. "Fiz-lhe algumas perguntas pertinentes e, como as respostas dadas foram convincentes, o indiquei. Seu comportamento era como o da maioria dos meus outros alunos, interessado nos temas apresentados e participativo."
O venezuelano, que trabalhava na área de tecnologia da informação em seu país, não esperava conseguir uma oportunidade profissional tão rapidamente. Ele chegou ao Brasil em fevereiro deste ano, com a esposa, depois de passar 15 horas em um táxi desde a Venezuela até Boa Vista. Da capital de Roraima, o casal embarcou em um avião para o Rio de Janeiro. Ambos começaram a frequentar os cursos do projeto MARES no final de março e, ainda em maio, Eric soube da contratação.
"Estava em casa quando o dono da empresa me ligou para dar a notícia. Foi muito, muito legal. Eu não acreditava, minha esposa ficou chocada. Os cursos de fato são uma oportunidade que abre portas e aumenta as chances de conseguir trabalho", celebrou Eric Ramos.
Ele admite que ainda têm dificuldades com a nova área de atuação e mesmo com a gramática do português. Afinal, seu tempo de vida no Brasil não chegou nem a seis meses. No entanto, nada o impede de fazer planos para o futuro. Seu sonho é abrir a própria empresa de instalação e manutenção de servidores.
Força de vontade não falta. É como diz o professor Austeclynio Pereira, entusiasmado com o otimismo das pessoas refugiadas que passaram pelos seus cursos no projeto MARES: "Creio que, uma vez dando-lhes oportunidades, o retorno bem-sucedido é quase certo."
Texto: Diogo Felix e Caroline Durand
Foto: Diogo Felix
Agora, com pouco mais de três meses de andamento e alguns cursos concluídos, o MARES começa a atingir seu objetivo. Já há refugiados contratados em funções diversas, sobretudo no setor de serviços. A venezuelana Rosa Dumont, que obteve os certificados dos cursos Conecte-se, Internet de Todas as Coisas e Segurança Cibernética, está sendo treinada por um restaurante para ser supervisora. O congolês Yves Selenge conseguiu um contrato temporário na Supervia, companhia operadora do transporte ferroviário no Rio de Janeiro.
Outras duas venezuelanas diplomadas também assinaram a carteira: Karen Velásquez está trabalhando como lojista em um grande shopping do Rio, enquanto Rinha Palma acaba de ser chamada para atuar na rede hoteleira. Fora as pessoas que fizeram o curso de empreendedorismo e aprimoraram seus pequenos negócios com o conhecimento adquirido.
"Para os refugiados, faz toda a diferença ter um diploma obtido no Brasil na hora de se candidatar para uma vaga de trabalho", explica a coordenadora de Integração da Cáritas RJ, Débora Alves.
"Alguns cursos do projeto MARES têm conteúdo bastante complexo, outros são mais introdutórios, mas mesmo os mais simples são importantes para o currículo de quem não tem como comprovar a experiência adquirida no país de origem. Além disso, os professores do projeto, que são indicados pela Cisco, detêm uma ampla rede de contatos no mercado de trabalho e ajudam a indicar os refugiados para empresas", explicou a assistente social.
Foi assim que o venezuelano Eric Ramos conseguiu a vaga de auxiliar técnico em uma empresa de instalação e manutenção de alarmes e câmeras de vigilância interna. Durante os cursos de Empreendedorismo e Internet de Todas as Coisas, o instrutor Austeclynio Pereira identificou três alunos com perfis e conhecimentos interessantes para recomendar a um amigo empresário que atua na área de monitoramento eletrônico.
"Quando falei sobre a vaga de emprego, o Eric foi o primeiro a se interessar", conta o professor. "Fiz-lhe algumas perguntas pertinentes e, como as respostas dadas foram convincentes, o indiquei. Seu comportamento era como o da maioria dos meus outros alunos, interessado nos temas apresentados e participativo."
O venezuelano, que trabalhava na área de tecnologia da informação em seu país, não esperava conseguir uma oportunidade profissional tão rapidamente. Ele chegou ao Brasil em fevereiro deste ano, com a esposa, depois de passar 15 horas em um táxi desde a Venezuela até Boa Vista. Da capital de Roraima, o casal embarcou em um avião para o Rio de Janeiro. Ambos começaram a frequentar os cursos do projeto MARES no final de março e, ainda em maio, Eric soube da contratação.
"Estava em casa quando o dono da empresa me ligou para dar a notícia. Foi muito, muito legal. Eu não acreditava, minha esposa ficou chocada. Os cursos de fato são uma oportunidade que abre portas e aumenta as chances de conseguir trabalho", celebrou Eric Ramos.
Ele admite que ainda têm dificuldades com a nova área de atuação e mesmo com a gramática do português. Afinal, seu tempo de vida no Brasil não chegou nem a seis meses. No entanto, nada o impede de fazer planos para o futuro. Seu sonho é abrir a própria empresa de instalação e manutenção de servidores.
Força de vontade não falta. É como diz o professor Austeclynio Pereira, entusiasmado com o otimismo das pessoas refugiadas que passaram pelos seus cursos no projeto MARES: "Creio que, uma vez dando-lhes oportunidades, o retorno bem-sucedido é quase certo."
Texto: Diogo Felix e Caroline Durand
Foto: Diogo Felix