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NOTÍCIAS

Refugiado sírio conclui doutorado em Engenharia Ambiental pela UFRJ

Mohammad Najjar precisou recomeçar a vida do zero no Brasil, mas não abandonou seus sonhos e foi de vendedor de comida árabe a doutor.
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O sírio Mohammad Najjar, com a esposa e os filhos Khaled e Nancy, no dia da defesa da tese.
​​​Rio de Janeiro, 24 de julho de 2019 - "Dedico essa dissertação ao povo brasileiro, que é um grande exemplo de generosidade e hospitalidade."
 
É assim que começam os agradecimentos da tese de doutorado defendida pelo refugiado sírio Mohammad Najjar, no dia 2 de julho, pelo Programa de Engenharia Ambiental (PEA) da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli-UFRJ). O trabalho, apresentado em inglês, abordou como o processo de decisão nos projetos de construção de edifícios deve contemplar a eficiência energética, de modo a proteger o meio ambiente.
 
Enquanto Mohammad explicava os detalhes da sua análise para a banca avaliadora, sua esposa, Hind Zeitouneh, e os filhos Nancy, de 7 anos, e Khaled, de 5, assistiam orgulhosos à apresentação. Após a defesa, os professores se reuniram para decidir o resultado. Poucos minutos separavam Mohammad da realização de um sonho, herdado do pai.
 
"Assim como qualquer pai do mundo, o meu também tinha o sonho de me ver crescendo e me formando bem. Meus pais sempre quiseram me ver como professor, como um doutor", contou Najjar. 
 
Fim da espera. Foi entre elogios dos professores, abraços dos amigos brasileiros e uma transmissão ao vivo com os pais de Najjar na Síria, que ele recebeu, aliviado, o grau de doutor. Para celebrar a conquista, ofereceu a todos as esfihas e os kibes que haviam sido preparados pela esposa.
 
O amigo e professor do Departamento de Construção Civil do Centro de Tecnologia da UFRJ Luís Otávio Cocito Araújo definiu os contornos do que Najjar havia realizado, para que todos entendessem o tamanho da façanha.

"Conseguir concluir o doutorado é um feito significativo. Conseguir concluir em três anos, mesmo vivendo em situações adversas como as que o Mohammad Najjar passou, e ainda assim ter um número recorde de publicações em artigos científicos é um feito histórico."
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Após a aprovação, Najjar celebra com os pais na Síria em conversa por videoconferência.
A história do agora doutor em terras brasileiras começou em 2015, em um dos momentos mais difíceis da sua vida, quando foi obrigado a deixar o seu país natal para escapar da guerra que assola a Síria desde 2011. 
 
A escolha pelo Brasil como país de refúgio se deu principalmente pela facilidade e pela segurança oferecida pelo governo brasileiro para emissão de visto de viagem. Em 2013, o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) autorizou as missões diplomáticas brasileiras a emitir visto especial a pessoas afetadas pelo conflito na Síria, de forma a garantir uma opção de travessia segura.
 
Mohammad conta que deixar a Síria foi muito complicado, mas que a solicitação do visto para o Brasil foi a parte mais fácil de todo o processo. "Em Kuala Lumpur, na Malásia, visitei a embaixada brasileira, conversei com o consulado, expliquei a minha situação e, em oito dias, eu tinha o meu visto e da minha família para entrar no Brasil." 
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O doutor Mohammad Najjar, com a família, os amigos e os integrantes da banca de doutorado.
Das esfihas ao doutorado
Antes da guerra da Síria, Najjar tinha uma promissora carreira como arquiteto. Formado pela Universidade de Tishreen, na cidade síria de Latáquia, e com mestrado em Planejamento Internacional e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Westminster em Londres, ele chegou a montar um escritório de arquitetura no seu país. Após a guerra, porém, precisou abandonar o projeto a fim de encontrar um lugar seguro para viver com a família.
 
Em 2015, já no Brasil, o sírio decidiu abraçar a cultura local, o que, segundo ele, ajudou no processo de integração. "Se você está vivendo com brasileiros sem saber a cultura, a língua, o que eles gostam ou não, você terá mais dificuldade para conseguir trabalhar. Não basta apenas começar a trabalhar, e sim saber como trabalhar."
 
Em um primeiro momento, Najjar decidiu vender comida árabe para se sustentar. A sua sorte mudou quando ele conheceu o professor Luís Otávio Cocito de Araújo. Consternado pela imagem do corpo do menino sírio Alan Kurdi em uma praia da Turquia, divulgada em setembro de 2015, o brasileiro procurou a Cáritas RJ para saber como poderia ajudar.
 
A instituição apresentou Najjar ao professor e sugeriu que o brasileiro ajudasse na integração profissional do sírio. A resposta veio em forma de oportunidade: o refugiado foi contratado para fazer um projeto de reforma para o professor. "Ele entendeu os conceitos e apresentou ótimas ideias e soluções. O projeto foi aprovado e a reforma foi feita", contou Luís Otávio.
 
A notícia sobre a qualificação e a determinação de Najjar ganhou asas e chegou ao professor do Programa de Engenharia Ambiental da UFRJ Assed Haddad, que encorajou o sírio a tentar o doutorado. O refugiado apresentou sua candidatura, passou no processo seletivo e conseguiu uma bolsa na CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Essa comunhão entre ajuda e dedicação mostrou seu mais belo fruto no início de julho, com a aprovação de Najjar no doutorado. 
 
"Mohammad teve um desempenho que não é de um doutorando qualquer", elogiou o professor Luís Otávio. "Chegou aqui sem falar português, com dois filhos, sem conhecer nada nem ninguém. Para uma pessoa normal, sobreviver a tudo isso já seria bastante. Agora, sobreviver, estruturar a família e tirar um doutorado pela Escola Politécnica é um grande feito." 
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O professor da UFRJ Luís Otávio Cocito Araújo, que foi fundamental para a trajetória de Najjar no Brasil.
​Em setembro de 2019, Najjar e família completam quatro anos de vida no Brasil. E desde 2017 eles passaram a ser cinco, com a chegada da caçula Maria Lionela, assim batizada em homenagem aos brasileiros.
 
"Em todo o mundo, você não encontra uma cultura tão boa quanto a dos brasileiros", derreteu-se o sírio, grato pelo acolhimento. "Aprender a dar sem pensar em recebimento: estou tentando aprender e ensinar essa mensagem para os meus filhos."
 
E agora, o que o doutor espera do futuro? Como acadêmico, Najjar quer dar aulas e fazer o pós-doutorado, e para isso já está inscrito como pesquisador na área de Engenharia Ambiental da UFRJ. Além disso, deseja trazer o restante dos familiares que ficaram na Síria e se naturalizar – o processo dele e da esposa já está em andamento no Ministério da Justiça.
 
"Vou ficar muito orgulhoso quando me tornar brasileiro, para esquecer todas as coisas ruins que aconteceram na história da minha vida na Síria. Porque o Brasil abriu os braços para nós, devemos respeitar isso e retribuir quando pudermos."

Fotos e texto; Kamyla Abreu

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