Refugiada congolesa conclui Ensino Médio no Brasil e sonha com Enfermagem
Esposa de preso político no Congo e mãe de duas crianças pequenas, Maria Clara Kalala superou todas as dificuldades para reconstruir a vida no Rio de Janeiro.
Maria Clara Kalala (à esquerda), ao lado de uma professora e uma colega de turma, no dia em que recebeu o diploma de conclusão no Ensino Médio.
Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2019 - O fim de uma etapa e a esperança de uma vida melhor. Maria Clara Kalala, da República Democrática do Congo, viu na educação um trampolim para vencer uma série de dificuldades e, no final de 2018, tornou-se a mais nova refugiada formada no Ensino Médio brasileiro.
A conquista não é pequena para quem enfrentou - e ainda enfrenta - tantos desafios. Esposa de um político congolês, Kalala levava uma vida tranquila como dona de casa e mãe de duas meninas pequenas até seu marido começar a ser perseguido, ameaçado e preso. Em um país marcado por instabilidade política, ausência de liberdade e pobreza, a família enxergou a fuga para o exterior como única saída. Kalala chegou ao Brasil em janeiro de 2017, acompanhada apenas das filhas, então com quatro e cinco anos, e diz que foi o país que a escolheu.
"Foi uma oportunidade. O governo brasileiro me deu o visto e por isso eu estou aqui, para salvar a minha vida e das minhas crianças", relembra.
Apoiada pelo Programa de Atendimento a Refugiados (PARES) da Cáritas RJ, a congolesa de 48 anos foi matriculada no curso de português que a instituição tem em parceria com a Uerj e, posteriormente, revelou às assistentes sociais que gostaria de trabalhar com Enfermagem. Como a formação técnica exigia o Ensino Médio completo e ela só havia terminado o Fundamental, foi encaminhada, em junho de 2017, à Educação de Jovens e Adultos (EJA), na qual os estudantes podem ser diplomados em menos tempo do que na educação regular.
A conquista não é pequena para quem enfrentou - e ainda enfrenta - tantos desafios. Esposa de um político congolês, Kalala levava uma vida tranquila como dona de casa e mãe de duas meninas pequenas até seu marido começar a ser perseguido, ameaçado e preso. Em um país marcado por instabilidade política, ausência de liberdade e pobreza, a família enxergou a fuga para o exterior como única saída. Kalala chegou ao Brasil em janeiro de 2017, acompanhada apenas das filhas, então com quatro e cinco anos, e diz que foi o país que a escolheu.
"Foi uma oportunidade. O governo brasileiro me deu o visto e por isso eu estou aqui, para salvar a minha vida e das minhas crianças", relembra.
Apoiada pelo Programa de Atendimento a Refugiados (PARES) da Cáritas RJ, a congolesa de 48 anos foi matriculada no curso de português que a instituição tem em parceria com a Uerj e, posteriormente, revelou às assistentes sociais que gostaria de trabalhar com Enfermagem. Como a formação técnica exigia o Ensino Médio completo e ela só havia terminado o Fundamental, foi encaminhada, em junho de 2017, à Educação de Jovens e Adultos (EJA), na qual os estudantes podem ser diplomados em menos tempo do que na educação regular.
Para a congolesa, estudar significava ter conhecimento, ser valorizada e aprender português, direitos e história do Brasil. Mas às dificuldades naturais com o idioma, somaram-se a ausência de familiares com quem deixar as crianças e os contratempos financeiros. Kalala decidiu buscar emprego e fez um curso de camareira no Senac, que não demandava a formação escolar completa. Para economizar o dinheiro da passagem, chegou a percorrer quase dez quilômetros a pé. Quando a equipe de Integração da Cáritas RJ descobriu, custeou as despesas de transporte até o final do curso.
Kalala nunca conseguiu emprego como camareira e contou com a ajuda de uma igreja para pagar o aluguel, mas não desistiu dos estudos e, após um ano e meio, vestiu beca para receber o cobiçado diploma no final de 2018. Ela fala com carinho do curso, mas já pensa nos próximos passos da sua caminhada educacional. |
"O curso foi legal, os professores foram muito prestativos. Agora quero fazer o curso técnico em Enfermagem, que sempre foi meu sonho e vai me proporcionar ter um emprego seguro", projeta.
Para a coordenadora do setor de Integração do PARES Cáritas RJ, Débora Alves, a força de vontade da congolesa para superar todas as dificuldades e conquistar a autonomia é inspiradora.
"Ela não desistiu daquilo que mais desejava e continua correndo atrás. É uma história que dá motivação e esperança para outros refugiados que estão vivendo momentos difíceis, porque mostra que, apesar de tudo, é possível ir em busca dos seus sonhos."
Texto: Caroline Durand e Diogo Felix
Fotos: Arquivo pessoal
Para a coordenadora do setor de Integração do PARES Cáritas RJ, Débora Alves, a força de vontade da congolesa para superar todas as dificuldades e conquistar a autonomia é inspiradora.
"Ela não desistiu daquilo que mais desejava e continua correndo atrás. É uma história que dá motivação e esperança para outros refugiados que estão vivendo momentos difíceis, porque mostra que, apesar de tudo, é possível ir em busca dos seus sonhos."
Texto: Caroline Durand e Diogo Felix
Fotos: Arquivo pessoal