Projeto arrecada, conserta e doa bicicletas para pessoas refugiadas
Ação beneficia refugiados que trabalham com entregas ou utilizam a bicicleta como forma de poupar em transporte.
Cinco dos sete beneficiados pela doação do projeto "Bicicletas para a Humanidade".
Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2019 - Sete pessoas em situação de refúgio que moram no Rio de Janeiro poderão ir mais longe a fim de alcançar seus objetivos. Elas ganharam bicicletas, doadas por moradores da cidade e ajustadas por dois estrangeiros, criadores de um novo projeto de solidariedade, em uma parceria com o Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) da Cáritas RJ.
Tudo começou em janeiro deste ano. O cinegrafista americano Douglas Engle foi a Roraima registrar a situação dos venezuelanos para um canal de televisão. Fez entrevistas, foi a abrigos e, nesse contexto, percebeu a utilidade das bicicletas para a população refugiada.
"Uma bicicleta pode ajudar qualquer pessoa a viver sua vida de forma mais econômica, mais eficiente. Tem um custo muito baixo de manutenção e de uso. O dinheiro que não é gasto com transporte pode ser utilizado em outra coisa, alimentação, educação, o que for. É lazer, é transporte, é saúde", analisa o jornalista.
A inspiração, então, veio da África. Engle lembrou da organização de um amigo, o australiano Michael Linke, que, começando pela Namíbia, já havia beneficiado milhares de pessoas no mundo. Para ser mais exato, mais de 60 mil, o número de bicicletas doadas em vários países. Os veículos são consertados por uma equipe treinada e, depois, doados ou vendidos a preços acessíveis. Os recursos da comercialização servem para bancar a importação, os funcionários e as lojas, além de financiar atividades sociais locais.
"Morando no Rio, estava precisando de inspiração para um projeto novo. Então foi bom que o Douglas apareceu. Aqui, há muito potencial, porque não precisamos importar o material. Há muita bicicleta abandonada ou para doação nas grandes cidades", prevê Linke.
A partir da combinação entre a realidade dos refugiados no Brasil e o sucesso da iniciativa africana, nasceu o movimento "Bicicletas para a Humanidade". Em sua primeira ação, que contou com a ajuda de amigos e de divulgação nas redes sociais, a dupla conseguiu reunir sete bicicletas. Faltava entregá-las aos refugiados.
Em junho, Engle e Linke procuraram o PARES Cáritas RJ, após indicação feita pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Os beneficiados dessa primeira ação foram sete homens: quatro da Venezuela, um de Cuba, um da Nigéria e um da República Democrática do Congo. A escolha baseou-se na justificativa de necessidade, feita pelas pessoas candidatas, com vantagem para quem houvesse comprovado que a bicicleta ajudaria na geração de renda ou em significativa redução de custos de transporte. A entrega das doações foi realizada no início de novembro, na sede da instituição.
Para o entregador venezuelano Francisco Inciarte, de 43 anos, a bicicleta ajudará na geração de renda. "É uma ferramenta de trabalho. Por enquanto, estou usando uma bicicleta emprestada e preciso devolvê-la. Agora terei possibilidade de trabalhar mais tempo e com mais tranquilidade. Esta bicicleta veio em um bom momento, porque acabei de ser contratado para fazer entregas fixas", celebra.
Tudo começou em janeiro deste ano. O cinegrafista americano Douglas Engle foi a Roraima registrar a situação dos venezuelanos para um canal de televisão. Fez entrevistas, foi a abrigos e, nesse contexto, percebeu a utilidade das bicicletas para a população refugiada.
"Uma bicicleta pode ajudar qualquer pessoa a viver sua vida de forma mais econômica, mais eficiente. Tem um custo muito baixo de manutenção e de uso. O dinheiro que não é gasto com transporte pode ser utilizado em outra coisa, alimentação, educação, o que for. É lazer, é transporte, é saúde", analisa o jornalista.
A inspiração, então, veio da África. Engle lembrou da organização de um amigo, o australiano Michael Linke, que, começando pela Namíbia, já havia beneficiado milhares de pessoas no mundo. Para ser mais exato, mais de 60 mil, o número de bicicletas doadas em vários países. Os veículos são consertados por uma equipe treinada e, depois, doados ou vendidos a preços acessíveis. Os recursos da comercialização servem para bancar a importação, os funcionários e as lojas, além de financiar atividades sociais locais.
"Morando no Rio, estava precisando de inspiração para um projeto novo. Então foi bom que o Douglas apareceu. Aqui, há muito potencial, porque não precisamos importar o material. Há muita bicicleta abandonada ou para doação nas grandes cidades", prevê Linke.
A partir da combinação entre a realidade dos refugiados no Brasil e o sucesso da iniciativa africana, nasceu o movimento "Bicicletas para a Humanidade". Em sua primeira ação, que contou com a ajuda de amigos e de divulgação nas redes sociais, a dupla conseguiu reunir sete bicicletas. Faltava entregá-las aos refugiados.
Em junho, Engle e Linke procuraram o PARES Cáritas RJ, após indicação feita pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Os beneficiados dessa primeira ação foram sete homens: quatro da Venezuela, um de Cuba, um da Nigéria e um da República Democrática do Congo. A escolha baseou-se na justificativa de necessidade, feita pelas pessoas candidatas, com vantagem para quem houvesse comprovado que a bicicleta ajudaria na geração de renda ou em significativa redução de custos de transporte. A entrega das doações foi realizada no início de novembro, na sede da instituição.
Para o entregador venezuelano Francisco Inciarte, de 43 anos, a bicicleta ajudará na geração de renda. "É uma ferramenta de trabalho. Por enquanto, estou usando uma bicicleta emprestada e preciso devolvê-la. Agora terei possibilidade de trabalhar mais tempo e com mais tranquilidade. Esta bicicleta veio em um bom momento, porque acabei de ser contratado para fazer entregas fixas", celebra.
O venezuelano Francisco Inciarte, que trabalha com aplicativos de entregas.
Já o técnico de segurança de eletrônica Armando Baro, cubano de 40 anos, pretende pedalar todos os dias de casa para o trabalho, entre dois bairros da zona norte do Rio de Janeiro.
"Não tenho condições de comprar um veículo – nem uma bicicleta. Será uma economia de gastos em transporte público", relata. Ele garante que não se assusta com a extensão do trajeto. "Estou acostumado. Em Cuba, sempre pedalei porque não tinha ônibus nem combustível", conta.
É o mesmo caso do venezuelano Luis Alfonso Borges, de 64 anos. Seu ganha-pão hoje é a produção e entrega de comida venezuelana. Por enquanto, faz os trajetos a pé, caminhando até 8 km por dia. Com o novo meio de transporte, o serviço irá melhorar. "A bicicleta vai facilitar, vai ficar tudo mais rápido", prevê.
"Não tenho condições de comprar um veículo – nem uma bicicleta. Será uma economia de gastos em transporte público", relata. Ele garante que não se assusta com a extensão do trajeto. "Estou acostumado. Em Cuba, sempre pedalei porque não tinha ônibus nem combustível", conta.
É o mesmo caso do venezuelano Luis Alfonso Borges, de 64 anos. Seu ganha-pão hoje é a produção e entrega de comida venezuelana. Por enquanto, faz os trajetos a pé, caminhando até 8 km por dia. Com o novo meio de transporte, o serviço irá melhorar. "A bicicleta vai facilitar, vai ficar tudo mais rápido", prevê.
Armando Baro, de Cuba, que usará a bicicleta para ir e voltar do trabalho.
"Bicicletas são uma ótima solução para mobilidade e geração de renda, principalmente nas grandes cidades onde o transporte é caro e as condições de trabalho são precárias", reitera Mariana Sacramento, responsável pela Mobilização de Recursos da Cáritas RJ. "As bicicletas contribuem para a dignidade e a autonomia das pessoas em situação de refúgio."
Michael e Douglas consideram essa primeira doação como um projeto piloto do "Bicicletas para a Humanidade". Eles esperam seguir com as ações de coleta, conserto e entrega do material em 2020, de forma a ampliar o público beneficiado.
"Futuramente, dependendo do desenvolvimento do projeto, a ideia é oferecer também uma oficina de mecânica de bicicletas para os próprios refugiados. Seria uma fonte de renda, ou, pelo menos, um conhecimento para os usuários pouparem com a reparação dos veículos", projeta Douglas.
Texto; Caroline Durand
Fotos: Diogo Felix
Michael e Douglas consideram essa primeira doação como um projeto piloto do "Bicicletas para a Humanidade". Eles esperam seguir com as ações de coleta, conserto e entrega do material em 2020, de forma a ampliar o público beneficiado.
"Futuramente, dependendo do desenvolvimento do projeto, a ideia é oferecer também uma oficina de mecânica de bicicletas para os próprios refugiados. Seria uma fonte de renda, ou, pelo menos, um conhecimento para os usuários pouparem com a reparação dos veículos", projeta Douglas.
Texto; Caroline Durand
Fotos: Diogo Felix