Documentário sobre refugiadas venezuelanas no Brasil estreia no Dia Mundial do Refugiado
Entrevistadas em filme do projeto Celina, do jornal O Globo, moravam na Casa de Acolhida Papa Francisco, do PARES Cáritas RJ.
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2020 - As marcas do sofrimento, da resiliência, da coragem e da força na voz da refugiada venezuelana. É isso que o documentário "Adelante: a luta das venezuelanas refugiadas no Brasil", que estreia hoje no site do projeto Celina, do jornal O Globo, pretende mostrar para o mundo. A obra de cerca de 30 minutos, que a jornalista Luiza Trindade filmou em parceria com jornal carioca, registrou as histórias e o dia-a-dia de sete mulheres de 28 a 54 anos que vieram da Venezuela para o Rio de Janeiro. Todas elas viveram na Casa de Acolhida Papa Francisco, mantida pelo Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) da Cáritas RJ, com apoio da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) e do Colégio Santo Inácio.
A plataforma Celina, do jornal O Globo, foi criada no Dia Internacional da Mulher em 2019, e veicula conteúdos sobre temas ligados às mulheres, mas também outras questões de gênero e diversidade. Ganhou esse nome em homenagem à primeira mulher que votou no Brasil, Celina Guimarães Viana.
As personagens contam os motivos que as levaram a deixar o país onde nasceram e revelam o processo árduo de mudança. Nairobis Martínez, por exemplo, conta que teve que andar por dois dias, grávida de cinco meses, para tentar um parto seguro em Boa Vista. "Lá (na Venezuela), morriam as mulheres ou os bebês", relembra. Outra fugiu para conseguir remédios para a filha que sofria de convulsões. Emocionadas, relatam ainda a situação que tiveram de enfrentar ao chegar ao território brasileiro. Algumas contam que passaram meses dormindo nas ruas.
"É muito doido pensar que essas mulheres viviam a vida normalmente e, de repente, tiveram que optar se jantavam ou almoçavam, se tomavam remédio ou comiam. E é uma realidade muito próxima e muito dura, mas não temos a dimensão do que acontece", opina a autora.
O documentário nasceu quando Luiza viu algumas mulheres catando latinhas na praia do Recreio, no Rio de Janeiro, no final de 2018. "Era em frente à minha casa. De longe, fiquei sentada observando e percebi que falavam espanhol, e isso me deixou mais intrigada. Como jornalista, quis entender qual era a história delas. Depois de conversar, deu um clique dentro de mim de que era aquilo que eu iria fazer, iria dar voz a elas." Com a autorização do PARES Cáritas RJ, a documentarista acompanhou a rotina das mulheres na Casa Papa Francisco por seis meses.
A casa é um abrigo temporário para venezuelanas solicitantes de refúgio que vivem em Roraima em situação de extrema vulnerabilidade e são transferidas para o Rio de Janeiro, como parte do processo de interiorização promovido pelo governo federal, com apoio das Forças Armadas e de agências da ONU. No novo lar, as moradoras têm acesso a todos os serviços oferecidos pela Cáritas RJ, como aulas de português, cursos de capacitação, apoio para documentação e atendimento social e psicológico.
A plataforma Celina, do jornal O Globo, foi criada no Dia Internacional da Mulher em 2019, e veicula conteúdos sobre temas ligados às mulheres, mas também outras questões de gênero e diversidade. Ganhou esse nome em homenagem à primeira mulher que votou no Brasil, Celina Guimarães Viana.
As personagens contam os motivos que as levaram a deixar o país onde nasceram e revelam o processo árduo de mudança. Nairobis Martínez, por exemplo, conta que teve que andar por dois dias, grávida de cinco meses, para tentar um parto seguro em Boa Vista. "Lá (na Venezuela), morriam as mulheres ou os bebês", relembra. Outra fugiu para conseguir remédios para a filha que sofria de convulsões. Emocionadas, relatam ainda a situação que tiveram de enfrentar ao chegar ao território brasileiro. Algumas contam que passaram meses dormindo nas ruas.
"É muito doido pensar que essas mulheres viviam a vida normalmente e, de repente, tiveram que optar se jantavam ou almoçavam, se tomavam remédio ou comiam. E é uma realidade muito próxima e muito dura, mas não temos a dimensão do que acontece", opina a autora.
O documentário nasceu quando Luiza viu algumas mulheres catando latinhas na praia do Recreio, no Rio de Janeiro, no final de 2018. "Era em frente à minha casa. De longe, fiquei sentada observando e percebi que falavam espanhol, e isso me deixou mais intrigada. Como jornalista, quis entender qual era a história delas. Depois de conversar, deu um clique dentro de mim de que era aquilo que eu iria fazer, iria dar voz a elas." Com a autorização do PARES Cáritas RJ, a documentarista acompanhou a rotina das mulheres na Casa Papa Francisco por seis meses.
A casa é um abrigo temporário para venezuelanas solicitantes de refúgio que vivem em Roraima em situação de extrema vulnerabilidade e são transferidas para o Rio de Janeiro, como parte do processo de interiorização promovido pelo governo federal, com apoio das Forças Armadas e de agências da ONU. No novo lar, as moradoras têm acesso a todos os serviços oferecidos pela Cáritas RJ, como aulas de português, cursos de capacitação, apoio para documentação e atendimento social e psicológico.
"Eu não imaginava o abrigo daquela forma. Era uma casa super receptiva, grande, com um quintal de terra batida, uma árvore linda no meio. Me remetia a uma imagem de infância, uma coisa acolhedora e familiar. Era como se entrasse em uma outra atmosfera", relembra a autora. Ela conta que se esforçou para que as venezuelanas não percebessem a presença da câmera. Deixou que perguntassem tudo e criou vínculos. Deu resultado. "Gostei da amizade dela", conta Juling Rodrigues, uma das entrevistadas. "Contei a minha experiência, a situação que passei sem emprego, porque senti confiança, senti que poderia confiar nela."
Diogo Felix, coordenador de comunicação do PARES na época das filmagens, destacou a importância de um trabalho como esse. "O documentário joga luz sobre a realidade das pessoas que deixam a Venezuela em busca de refúgio no Brasil, mas especialmente sobre os desafios que as mulheres venezuelanas enfrentam nessa trajetória e na luta diária para recuperar sua autonomia. Com a Casa de Acolhida Papa Francisco, buscamos não apenas acolher essas mulheres, mas também construir com elas um caminho que atenda às suas demandas para uma integração digna e efetiva", explicou. |
O filme foi lançado nas plataformas do jornal O Globo, como o Instagram do projeto Celina, e pode ser visto no YouTube.
A principal proposta de "Adelante", além de potencializar a voz das refugiadas venezuelanas, é valorizar 0 lugar de fala da mulher venezuelana e criar consciência, a fim de pensar mudanças e de auxiliar na socialização. "Nós, mulheres, já sofremos todos os dias com machismo e opressão. Como mulheres e refugiadas, elas sofrem isso numa intensidade ainda maior. Espero que o documentário, de alguma forma, gere alguma transformação positiva na realidade delas", diz Luiza.
Juling compartilha dessa esperança. "Quero que me conheçam para ter uma vida melhor."
Texto: Caroline Durand
Acesse:
- Instagram do projeto Celina
- Instagram de Luiza Trindade
A principal proposta de "Adelante", além de potencializar a voz das refugiadas venezuelanas, é valorizar 0 lugar de fala da mulher venezuelana e criar consciência, a fim de pensar mudanças e de auxiliar na socialização. "Nós, mulheres, já sofremos todos os dias com machismo e opressão. Como mulheres e refugiadas, elas sofrem isso numa intensidade ainda maior. Espero que o documentário, de alguma forma, gere alguma transformação positiva na realidade delas", diz Luiza.
Juling compartilha dessa esperança. "Quero que me conheçam para ter uma vida melhor."
Texto: Caroline Durand
Acesse:
- Instagram do projeto Celina
- Instagram de Luiza Trindade