Revalidado primeiro diploma de refugiado em parceria da Cáritas RJ, ACNUR e Compassiva
Koffi Anthony, do Togo, vai poder usar graduação em Marketing e Comunicação.
Koffi mostra orgulhoso o seu diploma revalidado, acompanhado pelas equipes da Cáritas RJ e da Compassiva.
Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2018 - “Um passo que me deixa mais perto da realização dos meus sonhos”. Foi assim que o refugiado do Togo Koffi Anthony descreveu o recebimento do diploma de Marketing e Comunicação revalidado para uso no Brasil – o primeiro da parceria entre o Programa de Atendimento a Refugiados (PARES) da Cáritas RJ, o ACNUR e a Compassiva, uma organização social de São Paulo com um projeto que presta esse serviço a refugiados reconhecidos pelas autoridades brasileiras em território nacional.
O caminho foi longo e não foi fácil, mas sem custo nenhum para o refugiado. Começou em 2016, quando a Cáritas percebeu que Koffi tinha perfil para solicitar a revalidação e fez o encaminhamento. O trabalho foi árduo. Além de coletar a documentação necessária – diploma, histórico e conteúdo programático –, a Compassiva auxilia com a tradução juramentada que, em alguns casos, chega a custar R$ 16 mil, e verifica qual universidade tem um curso com a grade curricular mais semelhante e é próxima da residência do refugiado, para aumentar as chances de revalidação.
No caso de Koffi, a escolhida foi a Universidade Federal Fluminense (UFF). Pela dificuldade de levantar os recursos para a tradução juramentada, só deram entrada no processo em novembro de 2017. “A tradução é bem cara, e com certeza essa é uma das maiores dificuldades para a revalidação dos diplomas”, explica a advogada da Compassiva responsável pelo projeto, Camila Tardin.
A conquista de Koffi é rara, por custos e processos. Não há dados nacionais sobre revalidação de diploma de refugiados - existem muitas maneiras de fazer o pedido nas universidades. Mas de 2016 a 2018, só a Compassiva entrou com 110 casos: 30 foram revalidados, 2 arquivados e 10 indeferidos, mas 68 ainda estão em análise.
Início de uma nova etapa
Saindo do Togo, Koffi se formou no Senegal em 2009. “Lá na África, o diploma é muito importante. Não perguntam o que você sabe fazer, como nos Estados Unidos, eles perguntam qual a sua formação universitária. Você pode saber fazer uma coisa, mas, se não tem diploma, não vai poder exercer”, lembra. Ele trabalhou como consultor e assistente de Marketing, mas foi forçado a deixar o país por seu ativismo político. Chegou ao Brasil em novembro de 2013, e desde então, só trabalha fazendo “bicos” – uma situação comum.
“Há muitos refugiados com alta qualificação educacional, experiência profissional internacional de anos, que falam três idiomas, mas aqui no Brasil vivem numa situação de subemprego e sendo explorados. E mesmo quando conseguem trabalhar na área de formação, não recebem salário equivalente e nem podem assinar pelo seu trabalho, porque não têm o diploma revalidado”, explica Camila Tardin.
Além da revalidação, a Cáritas RJ e a Compassiva vão ajudar o refugiado a fazer um currículo e encaminhá-lo a empresas parceiras. E agora, aos 41 anos, ele faz planos.
“Tenho um meio de conquistar meu lugar de verdade, trabalhando no meu ramo, com orgulho. Hoje, com essa revalidação, uma nova porta vai se abrir pra mim. 2019 será meu ano. Além disso, quero fazer uma pós graduação em jornalismo ou diplomacia”, planeja.
Para a coordenadora do PARES Cáritas RJ, Aline Thuller, a revalidação representa uma possibilidade real de reconstrução de vida para os refugiados, que já passaram por tantas dificuldades e rompimentos de vínculos. “É uma oportunidade de utilizar seus conhecimentos para gerar renda e contribuir também para o crescimento do país que o acolheu.”
A representante da Compassiva completa o pensamento: “É tambem uma maneira de o refugiado conseguir resgatar sua própria identidade, a fim de recomeçar de maneira profissional, emocional e integral a vida num outro lugar”.
Texto: Caroline Durand
Foto: Arquivo Pessoal
O caminho foi longo e não foi fácil, mas sem custo nenhum para o refugiado. Começou em 2016, quando a Cáritas percebeu que Koffi tinha perfil para solicitar a revalidação e fez o encaminhamento. O trabalho foi árduo. Além de coletar a documentação necessária – diploma, histórico e conteúdo programático –, a Compassiva auxilia com a tradução juramentada que, em alguns casos, chega a custar R$ 16 mil, e verifica qual universidade tem um curso com a grade curricular mais semelhante e é próxima da residência do refugiado, para aumentar as chances de revalidação.
No caso de Koffi, a escolhida foi a Universidade Federal Fluminense (UFF). Pela dificuldade de levantar os recursos para a tradução juramentada, só deram entrada no processo em novembro de 2017. “A tradução é bem cara, e com certeza essa é uma das maiores dificuldades para a revalidação dos diplomas”, explica a advogada da Compassiva responsável pelo projeto, Camila Tardin.
A conquista de Koffi é rara, por custos e processos. Não há dados nacionais sobre revalidação de diploma de refugiados - existem muitas maneiras de fazer o pedido nas universidades. Mas de 2016 a 2018, só a Compassiva entrou com 110 casos: 30 foram revalidados, 2 arquivados e 10 indeferidos, mas 68 ainda estão em análise.
Início de uma nova etapa
Saindo do Togo, Koffi se formou no Senegal em 2009. “Lá na África, o diploma é muito importante. Não perguntam o que você sabe fazer, como nos Estados Unidos, eles perguntam qual a sua formação universitária. Você pode saber fazer uma coisa, mas, se não tem diploma, não vai poder exercer”, lembra. Ele trabalhou como consultor e assistente de Marketing, mas foi forçado a deixar o país por seu ativismo político. Chegou ao Brasil em novembro de 2013, e desde então, só trabalha fazendo “bicos” – uma situação comum.
“Há muitos refugiados com alta qualificação educacional, experiência profissional internacional de anos, que falam três idiomas, mas aqui no Brasil vivem numa situação de subemprego e sendo explorados. E mesmo quando conseguem trabalhar na área de formação, não recebem salário equivalente e nem podem assinar pelo seu trabalho, porque não têm o diploma revalidado”, explica Camila Tardin.
Além da revalidação, a Cáritas RJ e a Compassiva vão ajudar o refugiado a fazer um currículo e encaminhá-lo a empresas parceiras. E agora, aos 41 anos, ele faz planos.
“Tenho um meio de conquistar meu lugar de verdade, trabalhando no meu ramo, com orgulho. Hoje, com essa revalidação, uma nova porta vai se abrir pra mim. 2019 será meu ano. Além disso, quero fazer uma pós graduação em jornalismo ou diplomacia”, planeja.
Para a coordenadora do PARES Cáritas RJ, Aline Thuller, a revalidação representa uma possibilidade real de reconstrução de vida para os refugiados, que já passaram por tantas dificuldades e rompimentos de vínculos. “É uma oportunidade de utilizar seus conhecimentos para gerar renda e contribuir também para o crescimento do país que o acolheu.”
A representante da Compassiva completa o pensamento: “É tambem uma maneira de o refugiado conseguir resgatar sua própria identidade, a fim de recomeçar de maneira profissional, emocional e integral a vida num outro lugar”.
Texto: Caroline Durand
Foto: Arquivo Pessoal